top of page
  • Foto do escritorcorraloracorra

Já encarou 42k?

Tem que ter muita disposição para tentar, mas se eu - boêmia e fumante - consegui, você também pode cruzar a linha de chegada da prova que é considerada a mais difícil do Atletismo


Por que você quer começar a correr? Para emagrecer? Para sair da vida sedentária? Para poder comer e não engordar? Para fazer novos amigos? Para conquistar medalhas?


Não comecei a correr por nenhum desses motivos, mas já conquistei tudo isso. Mas meu primeiro passo foi por conta de uma meta extremamente ambiciosa para quem jamais havia corrido na rua até os 36 anos, e ainda por cima era boêmia e fumante àquela altura da vida: completar uma maratona. Hoje posso dizer que nada como ter um objetivo alto e claro.


“Toda grande realização começa com a decisão de tentar”


Eu quis e fui, literalmente, correr atrás. Marinheira de primeira viagem, fui aprendendo na prática que correr não é só colocar um par de tênis e sair livre, leve e solta por aí. Tem o top, o short, a viseira, a meia, a vaselina, a musculação, a fisioterapia, o creme para o cabelo, a dieta, o Whey Protein, o Gatorade, o gel de carboidrato, a massagem, a Arnica, o jantar de massas, os tênis que não podem ser só um par. Você paga por tudo isso e muito mais. Cada inscrição em provas é uma grana. Imagina quando é internacional. Impossível alguém da sua família não comentar: "mas você está ganhando alguma coisa para fazer isso? Jura que você vai viajar e em vez de aproveitar, vai correr? Você está viciado!" Eu cansei de explicar que era muito legal, que minha turma era o máximo. No fundo, não há outra coisa a dizer: só quem corre, entende.


É duro aprender na prática, mas não tem outro jeito. Quando me dei conta, já tinha largado o cigarro e a boemia, e acordava cedo para treinar inclusive aos domingos. Estava determinada e com foco quando fui atropelada por uma bike durante um treino na ciclovia de Copacabana e "ganhei" uma bela placa de titânio e dez parafusos no braço. Perdi meu pai um mês antes da minha primeira maratona. Fiquei mais do que triste. Tive até uma fratura por estresse nessa fase de tão enfraquecida e cheguei a mancar. A corrida me salvou de uma depressão.


Não sou Super Mulher. Mas nunca me passou pela cabeça desistir. Aliás, nunca me passou pela cabeça que eu não iria conseguir.


Completei minha primeira maratona em Chicago, no dia 12 de outubro de 2014. E até hoje repito: “só não é maratonista, quem não quer”. Claro que existem pessoas que de fato têm limitações físicas. Fora isso, é só encarar o desafio. Não vai ser fácil, mas nada é capaz de impedir alguém de completar os 42 quilômetros e 195 metros de uma maratona. Nem uma fratura. Nem uma depressão. Nem um luto. Eu garanto. Palavra de jornalista. Melhor, de maratonista! Agora, com quatro maratonas no "currículo": além de Chicago, Nova York, Rio de Janeiro e Porto Alegre.


Cruzar a linha de chegada é uma das melhores sensações que eu tive na vida. Ainda não tive filho, mas me arrisco a dizer que deve ser uma emoção como a de se tornar mãe, porque naquele exato momento nasceu um novo ser de dentro de mim.


Correr mudou minha vida. Não meus hábitos e meu corpo apenas, mas meu modo de pensar.

Tem quem ache que correr é só correr, mas não é, não. É concreto, mas é também abstrato. Nem sei até que ponto é saudável. Mas me fez aprender que pra tudo na vida a gente tem que ter planejamento, estratégia, mente sã e corpo são. Claro que hoje só ouço elogios, porque, como consequência, a gente fica mais feliz com tanta endorfina e mais magra! Mas o melhor, e o que poucos veem, é o ganho de foco e disciplina, e uma inexplicável sensação de ser praticamente invencível, de tanta adrenalina e autoestima na veia. Palavra de maratonista.

117 visualizações0 comentário

ความคิดเห็น


bottom of page